Fonte: Centro de Memória (TSE) |
O voto feminino resultou de um longo processo de luta pela
participação das mulheres na política. No Brasil, as mulheres passaram a ter o
direito de votar nas eleições nacionais a partir de 24 de fevereiro de 1932
(Era Vargas). Desde o século 19, no entanto, ocorreram movimentos a favor da
ampliação do direito de voto a camadas sociais excluídas. O primeiro país a
garantir o direito às mulheres foi à Nova Zelândia, em 1893.
A Constituição do Império (1824), não era explícita, quanto ao exercício
dos direitos políticos por mulheres. O texto permitia o voto, com restrições de
renda, à “massa dos cidadãos ativos em assembléias paroquiais” (eleitores do 1º
grau). Os chamados eleitores de paróquia votavam nos eleitores de 2º grau, que
elegiam os deputados.
Discussões sobre o voto feminino ocorreram na época da elaboração da
Constituição de 1891, a primeira da República. O texto constitucional acabou
por não prever o direito, mas também não o proibia.
Os movimentos sufragistas, no entanto, continuaram. Iniciativas de
feministas dos Estados Unidos e da Inglaterra repercutiram entre as
intelectuais brasileiras e, no início do século 20, várias organizações
femininas surgiram no Brasil. Entre elas, o Partido Republicano Feminino,
fundado pela professora Deolinda Daltro no Rio de Janeiro, em 1910.
Em 1919, o senador Justo Chermont, do Pará, apresentou o Projeto de
Lei 102, que estendia às mulheres maiores de 21 anos as disposições das leis
sobre alistamento e processo eleitoral. O projeto tramitou até 1928, sem ser
convertido em lei.
Porém, a inscrição da primeira eleitora do Brasil, Celina Guimarães
Vianna, ocorreu em 25 de novembro de 1927. Em 1929, foi eleita a primeira
prefeita, Alzira Soriano de Souza. Os dois eventos foram registrados no estado
do Rio Grande do Norte, respectivamente em Mossoró e em Lajes, antes mesmo de
serem legalmente reconhecidos os direitos políticos femininos no Brasil.
Em 1933, São Paulo elege a primeira deputada federal do Brasil.
Carlota Pereira de Queiróz foi eleita para a Constituinte do mesmo ano.
Os direitos políticos conferidos às mulheres passam a ser previstos na
Constituição de 1934. Mas como se tratava de um código eleitoral provisório,
permitia os sufrágios apenas das mulheres casadas, desde que autorizadas pelos
maridos, das solteiras e das viúvas, ambas com renda própria. O voto é
obrigatório para mulheres que exerçam função pública renumerada.
Uma nova Constituição foi implantada, em 1946, onde novamente institui
direitos políticos às mulheres, com voto obrigatório para elas.
Em 1965, o Código Eleitoral afastou em definitivo todas as cláusulas
restritivas ao direito do voto das mulheres existentes em legislações
infraconstitucionais até então. Exemplo de 1934.
Em 1979, Eunice Michiles, suplente do senador João Bosco de Lima, de
Amazonas (falecido logo no início do mandato), foi a primeira senadora do
Brasil, sendo que em 1990, Marluce Pinto, de Roraima e Júnia Marise, de Minas
Gerais, foram as primeiras senadoras eleitas do país.
Em 1994, o Maranhão elege Roseana Sarney, para o governo do estado.
Foi a primeira mulher eleita para ocupar o cargo de governadora de estado.
Até recentemente, há mudanças na legislação brasileira, para benefício
dos direitos das mulheres. A Lei 12.034 de 2009 previu o investimento do fundo
partidário na criação e manutenção de programas de promoção da participação
política das mulheres.
Primeiras
mulheres:
Primeiras
eleitoras:
Celina
Guimarães Vianna (Mossoró, RN) e Julia Alves Barbosa (Natal, RN) - 1927
Primeira
prefeita:
Alzira Soriano
de Souza (Lajes, RN) - 1928
Primeira
vereadora:
Joanna Cacilda
Bessa (Pau dos Ferros, RN) - 1929
Primeira
deputada federal:
Carlota Pereira
de Queiróz (São Paulo) - 1933
Primeiras
deputadas estaduais:
Maria do Céu Fernandes
(Rio Grande do Norte)
Antonieta de
Barros (Santa Catarina)
Lili Lages
(Alagoas)
Maria Luiza
Bittencourt (Bahia)
Maria Thereza
Nogueira de Azevedo e
Maria Thereza
Silveira de Barros Camargo (São Paulo) - 1934
(posteriormente
assumiria Francisca Pereira Rodrigues, de São Paulo, em 1935)
Primeira
presidenta de Assembléia Legislativa:
Maria da
Conceição Costa Neves (São Paulo) - 1960
Primeiras
senadoras:
Princesa Isabel
(por direito dinástico e pela constituição de 1824) - 1871
Eunice Mafalda
Berger Michiles (eleita como suplente, mas assumiu pouco depois - Amazonas) -
1979
Laélia
Contreiras Agra de Alcântara (pelo mesmo motivo de Eunice Michiles - Acre) -
1982
Primeira
ministra:
Esther de
Figueiredo Ferraz (Educação e Cultura) - 1982
Primeira
governadora:
Iolanda
Ferreira Lima Fleming (eleita como vice-governadora, mas assumiu em virtude da
renúncia do titular, para se eleger no Senado - Acre) - 1986
Primeira
prefeita de capital:
Maria Luiza
Menezes Fontenele (Fortaleza, CE) - 1986
Primeiras
senadoras eleitas:
Maria Marluce
Moreira Pinto (Roraima) e Júnia Marise Azeredo Coutinho (Minas Gerais) - 1990
Primeira
governadora eleita:
Roseana Sarney
Murad (Maranhão) - 1994
Primeira mulher
a integrar o Supremo Tribunal Federal:
Ellen Gracie Northfleet
- 2002
Primeira presidenta do Supremo Tribunal Federal:
Ellen Gracie
Northfleet - 2006
Primeira
presidenta da República:
Dilma Vana
Rousseff - 2010
Primeira
presidenta do Tribunal Superior Eleitoral:
Carmen Lúcia
Antunes Rocha - 2012
Destaque Final: Bertha Lutz
A bióloga Bertha Lutz foi uma
das pioneiras do movimento feminista no Brasil, responsável direta pela
articulação política que resultou nas leis que deram direito de voto às
mulheres e igualdade de direitos políticos nos anos 20 e 30.
Criou, em 1919, a Liga para a
Emancipação Intelectual da Mulher, o embrião da Federação Brasileira pelo
Progresso Feminino (1922). Representou o Brasil na assembléia geral da Liga das
Mulheres Eleitoras, nos Estados Unidos, onde foi eleita vice-presidente da
Sociedade Pan-Americana.
Dois anos depois de conseguir
o direito do voto, Bertha Lutz participou do comitê elaborador da Constituição
(1934) e garantiu às mulheres a igualdade de direitos políticos.
Mais tarde integrou a delegação brasileira que
participou da Conferência de Organização das Nações Unidas, realizada em San
Francisco, de maio a junho de 1945, e representou o Brasil na Comissão
Interamericana de Mulheres, como vice-presidente desta entidade, entre 1953 e
1959.
Fontes:
Sua Pesquisa (suapesquisa.com)
TSE - Tribunal Superior Eleitoral (tse.gov.br)
ALESP - Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (alesp.sp.gov.br)
Câmara dos Deputados – Congresso Nacional (camara.gov.br)
ALESP - Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (alesp.sp.gov.br)
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