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Fonte: davidsaffir.wordpress.com |
Escrito por Plínio de
Arruda Sampaio
Nove entre dez jovens consideram a
política uma atividade para espertalhões que ganham uma fortuna para enganar o
povo. Eles não deixam de ter alguma razão. De fato, pode-se contar nos dedos os
políticos que se devotam realmente ao serviço do povo.
A reação normal de quem tem essa visão negativa da
política é ficar fora dela. No máximo comparecer para votar, uma vez que o voto
é obrigatório. Apertou o botão da urna eletrônica, tchau! Sair voando sem saber
até o nome do candidato em quem votou.
Esta atitude é a que mais interessa aos malandros
da política, pois o desinteresse leva à ignorância política e esta é um prato
feito para quem deseja praticar falcatruas com o mandato popular.
Nestas alturas, sei que o jovem leitor está me
questionando: “OK. Você diz que eu devo me interessar pela política. Mas o que
eu perco não tendo o menor interesse por ela?”. Boa pergunta que merece uma
resposta por partes: quem são os políticos; o que fazem; como os safados
prejudicam os cidadãos; como se pode evitar isso.
Quem são os políticos?
A palavra político, na linguagem comum das pessoas,
designa os homens e as mulheres que ocupam cargos no Estado: vereadores,
deputados, senadores, secretários de estado, ministros, governadores e
Presidente da República. Essas pessoas - são milhares delas em todo o Brasil -
têm o poder de influenciar na atuação dos órgãos do estado brasileiro.
Participam da elaboração das leis; da distribuição do dinheiro arrecadado com
os impostos; da gestão das empresas do Estado; da fiscalização do funcionamento
das repartições públicas que prestam serviço à população (SUS, hospitais
públicos, delegacias de polícia etc.).
Suspenda agora a leitura do texto e veja se
consegue identificar uma única atividade da sua vida inteiramente fora do
âmbito da política.
Não me venha com o argumento de que o Estado não
interfere na sua fé religiosa, nas suas leituras, no seu pensamento. Interfere
e muito. O Estado tem uma delegacia para fiscalizar os cultos religiosos, e
outra para manter a ordem política e social - esses órgãos acompanham a
atividade de padres, freiras, pastores, pais e mães de santo, militantes de
pastorais etc. E abrem processos contra aqueles cuja pregação afeta a ordem
estabelecida. Além disso, o Estado censura livros; peças de teatro; filmes. E
fixa, através de suas políticas econômicas, o preço desses produtos. Quantas
vezes você quis ler um livro, assistir a uma peça teatral e não pôde por causa
do preço?
Finalmente, não é exato que você tenha uma
liberdade absoluta de pensar. Você pensa com a informação que chega ao seu
cérebro. Ora, é o Estado que controla - às vezes abertamente, às vezes
indiretamente - toda a informação que chega até você.
Estar junto para entender
Não tenha, pois, nenhuma dúvida: você perde muito,
direta ou indiretamente, quando o Estado está nas mãos de pessoas incompetentes
ou desonestas, pois, de algum modo, você está sendo prejudicado.
Daí a necessidade de interessar-se pela política,
de aprender o suficiente para entender como ela funciona e de tomar parte
efetiva na escolha dos governantes.
Não é fácil atender a essa necessidade. A política
é uma atividade bem complicada e quem participa dela sem o conhecimento
adequado corre sério risco de ser enganado. Por isso o primeiro passo para
participar consiste em entender seu funcionamento.
Ninguém consegue entender de política sozinho. Não
adianta ler jornais e acompanhar os noticiários e comentários da rádio ou
televisão. São todos enviesados. O jeito é formar um grupo para ampliar as
fontes de informação e para dispor de opiniões diversas a respeito do
significado das informações recebidas.
O grupo não irá muito além das pernas se não se
dedicar à leitura de livros teóricos que explicam o funcionamento da sociedade
e, portanto, dos partidos políticos. É através da leitura desses livros que
você aprenderá a distinguir os políticos fisiológicos (que buscam apenas
satisfazer seus apetites por dinheiro, prestígio ou poder) e os políticos
ideológicos (os que fazem política por convicção). Conhecendo as ideologias,
você pode optar pela que mais se aproxima dos valores que considera
importantes. Isso lhe fornecerá um critério para participar inteligentemente do
processo político.
Fonte:
Mundo Jovem